Temática vai discutir masculinidade tóxica: uma cultura que pode prejudicar meninos e meninas da adolescência à vida adulta

Desde cedo, meninos são ensinados a não chorar. Quando isso acontece, geralmente, a construção da identidade se dá em oposição ao comportamento das meninas. Ou seja: enquanto elas são ensinadas a cuidar da casa, eles se divertem na rua, por exemplo. Afinal, “homem não lava louça”.
Eles também não falam de seus sentimentos, pois “demonstrar afeto é coisa de ‘bichinha’”. Frases desse tipo são comuns. São ditas quase sem querer. O problema é que perpetuam um padrão de comportamento muito antigo.
Quando um menino é ensinado a não demonstrar sentimentos, tende a crescer com emoções reprimidas. Na contramão, virilidade, coragem e força são características extremamente valorizadas.
Não por acaso, os homens somam 92% das mortes violentas registradas no Brasil, de acordo com o Atlas da Violência 2017. Quando o assunto é saúde mental, eles têm mais que o dobro de chance de cometer suicídio do que as mulheres, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Considerando esse cenário, o projeto Galera Curtição incorporou a discussão sobre os prejuízos da masculinidade tóxica às temáticas que são tradicionalmente trabalhadas com as escolas.

O tema tem sido apresentado a partir de uma abordagem reflexiva sobre saúde e bem-estar. Neste primeiro ano, quase cinco mil adolescentes devem participar das atividades, que envolvem desafios e oficinas para meninos e meninas.
Em sala de aula, os participantes do Galera avaliam as construções culturais da sociedade. A abordagem da temática não visa influenciar a identidade dos participantes nem torná-los “menos” homens: apenas fazê-los refletir sobre seus lugares no mundo. A partir disso, todos vão se tornar sujeitos mais bem preparados para enfrentar os problemas da vida adulta e, na medida do possível, promover transformações sociais.